Aqui há uns tempos atrás, falei da minha situação profissional e de tudo o que isso implicava na minha vida. Foi complicado e doloroso perceber que tantos e tantos anos de trabalho se resumiam basicamente á frieza e desprezo com que fui tratada, a forma de descaso como o assunto, demasiado sério, foi abordado.
Pedi uma opinião a alguém perfeitamente dentro das leis e legalidade, o relatório ficou pronto no dia 30 de Junho, foram detectadas várias irregularidades, entre elas disparidades nas diuturnidades a que eu tinha direito, etc etc etc . Eu precavendo eventuais conflitos, antes que as coisas se complicassem solicitei uma semana de férias, até porque precisava de tratar de outros assuntos pessoais e assim uma semanita dava para ajudar a desanuviar o ambiente e esperar que ele reflectisse.
Se vem o pensei melhor o fiz e no dia 3 á noite estava oficialmente de férias. È claro que passei aqueles dias bastante apreensiva, por mais que pensasse nunca conseguia descortinar qual seria a sua reacção porque quando alguém tem a capacidade de ameaçar de forma tão cabal e peremptória uma funcionária de tantos e tantos anos não seria de estranhar qualquer reacção.
A semana terminou e tenho que reconhecer que mesmo não querendo o frio que se me instalou no estômago era demasiado incomodativo. Mas a resposta não se fez esperar. Meio da manhã o meu telefone toca e pelo visor vejo logo de quem se tratava. Teresa pode chegar aqui ao gabinete? Claro que sim Senhor Eng.º retorqui. Levantei-me da cadeira e as minhas pernas pareciam pesar uma tonelada, dava a sensação que ia para a forca, respirei fundo e pensei “pior do que já está não fica”.
Entrei e ele muito secamente diz: - Sobre o relatório que me entregou, só queria informar que no final do mês vai ser descontada de 5€ que foi o valor pago por excesso durante o ano de 2008 em relação ás diuturnidades, quanto ao “resto” está tudo legal! -: bem, eu ia caindo pró lado, parece que estava dentro de um pesadelo. Estava tudo legal? E os recibos mensais sem retenção na fonte? E as discrepâncias no vencimento mensal entre as horas pagas e as que efectivamente trabalho? Questionei de novo e de novo a resposta. Tudo está legal. Aí sim? Então ok Senhor Eng.º e sai da sala que mais parecia um colete-de-forças.
A minha cabeça estava a ponto de explodir, parecia que a todo o momento ia cair para o lado de tão mal me estava a sentir. Parei e pensei … vou sair tomar um café e tentar relaxar um pouco. Sai, peguei no telefone e liguei ao Ramiro. O Ramiro é o “puto” como eu lhe costumo chamar. De puto nada tem, é um homem feito, carismático, assertivo e o único com os “coisos” no sítio certo para dizer todas as verdades e mais algumas ao actual Presidente.
Digo puto porque o vi crescer e tornar-se homem, com uma capacidade de liderança fora do normal apesar dos seus 28 anitos. E olhem que quando falo disso, sei bem do que falo, porque trabalhei, com as pessoas mais carismáticas e marcantes do panorama automobilístico nacional e 2 deles foram os meus anteriores patrões. Vejo nele o futuro líder desta casa sem sobra de dúvida. Ficou podre com tudo o que disse, achou que era de um mau gosto atroz, ainda por cima quando na semana passada o Presidente o tinha chamado a dizer “acho que perdi o controlo do …” preciso da sua ajuda, disse-lhe inclusive que sabia que o meu relatório era uma bomba relógio e que iria tentar resolver as coisas sem estragos, e agora isto! Frontal como sempre só me disse; linda vai em frente, faz o que tens que fazer, vai para Tribunal de Trabalho para todo o lado e se precisares de testemunhas conta comigo, estou contigo em tudo, não contra o … mas sim a favor da verdade e se queres saber a minha opinião muito concreta, acho que neste momento o … precisa de ir ao fundo de vez, para renascer das cinzas como a Fénix, só assim isso tem salvação. Ouvi, meditei e tomei a resolução de seguir em frente, neste momento tenho plena consciência de que nada mais me resta fazer. Fui leal em tudo até no final ao dizer que iria para a frente com esta situação até às últimas consequências! Só me custou demais ter que tomar a resolução ontem dia 13 de Julho, precisamente 1 ano após o falecimento do meu amigo e presidente. Mas a vida segue seu rumo … Life finds its way …..